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Ricardo Cavalcante analisa impactos da pandemia na indústria em live do Corecon-CE
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Os prejuízos para a indústria, a organização para a retomada das atividades e as ações da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) foram assunto da live do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), realizada hoje (2/6), com participação do presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante e condução do assessor da FIEC, conselheiro federal de Economia, PHD em Desenvolvimento Regional e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lauro Chaves.

Lauro Chaves iniciou a transmissão falando da recessão pela qual passou o país em 2019 e a lenta retomada que estava sendo constatada no início de 2020. Segundo ele, havia um cenário promissor após a reforma da previdência, mas a chegada do coronavírus em todo o mundo tumultuou a economia e trouxe incertezas.

O presidente Ricardo Cavalcante apresentou um panorama da importância da indústria para o Ceará. “O setor representa hoje 17% da economia, movimenta R$22 bilhões no PIB, gera 227 mil empregos. São 15 mil indústrias de todos os portes no Ceará. 20% dos empregos gerados no estado está na indústria. Temos setores muito fortes como o de calçados, a confecção, a construção civil”, disse. Além desses setores, o presidente destacou ainda a indústria de alimentos e a metalmecânica.

Apenas a construção civil, envolve empresas de 23 sindicatos filiados à FIEC, conforme o presidente. Pela paralisação das atividades desse setor durante os últimos 70 dias, muitas empresas não conseguiram trabalhar por fazerem parte da cadeia produtiva da atividade. O exemplo dado foi o da construção civil, mas a crise está afetando toda a indústria, de acordo com Ricardo Cavalcante. De fevereiro para março de 2020, houve retração de 21,8%. Quando comparado com o ano passado, a queda é de 10,5%. “Essa arrecadação influencia na arrecadação municipal, estadual e federal”, comentou.

Para o presidente da FIEC, os problemas trazidos pela pandemia devem se apresentar mais fortemente a partir da retomada de atividades. Nesse contexto, a FIEC atua para encontrar soluções para esses problemas, como a falta de crédito, conforme Cavalcante. “O desemprego só vai melhorar se tiver crédito, mas o crédito não está aparecendo para ninguém. O lockdown fez com que muitas empresas não sobrevivessem até a data da reabertura. Com isso, algumas cadeias produtivas até deixam de existir. A FIEC tem preocupação com isso e está auxiliando as empresas”, relata o presidente, que continua: “os números serão ainda piores em maio e junho”.

A FIEC tem procurado apoiar as empresas entrando em constante contato com as instituições financeiras. “Sem crédito, não tem como rodar. Muitas indústrias são ligadas diretamente ao comércio e ao setor de serviços. Com esses setores parados, a economia travou. Fizemos uma pesquisa que mostrou que, de 50 empresas que fizeram consulta a uma instituição bancária, apenas oito conseguiram o empréstimo. O restante foi negado. Precisamos de mais velocidade, inclusive para manter empregos”, analisou.

Dados divulgados pela FIEC hoje mostram que 10.500 empregos foram perdidos no setor industrial, entre março e abril. As pequenas empresas estão sofrendo muito, conforme relatou o presidente durante a live. “É um processo muito sério. Precisamos levar em conta a mudança que o consumidor terá daqui para frente. Será que vamos ter de volta o mesmo consumo de antes?”, indagou. Ricardo Cavalcante anunciou o lançamento de uma campanha, em 8/6, para incentivar a compra de produtos cearenses e a movimentação local do dinheiro.

Questionado por Lauro Chaves sobre a importância da internacionalização da indústria cearense, Ricardo Cavalcante disse que vê o assunto como uma realidade próxima. “A China, grande fornecedora de produtos para o mundo, não está conseguindo honrar muitos compromissos. Já há uma movimentação de retirada de empresas norte-americanas, europeias e japonesas de lá. Estamos vendo cenários que são importantes e precisamos entender como oportunidades. Temos aqui o Porto do Pecém, que considero uma joia, junto com a ZPE. Imaginem se a gente consegue trazer 5% das indústrias que estão saindo da China para cá… seria espetacular! Nas crises aparecem chances. São essas chances que a FIEC está procurando, de inovar e mudar a forma de trabalhar”, comentou.

Ricardo Cavalcante finalizou sua participação detalhando a atuação da FIEC, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Ceará), do Serviço Social da Indústria (SESI Ceará), e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará) na pandemia. O presidente citou a campanha de arrecadação de recursos, que reuniu R$12 milhões e foi responsável pela compra de respiradores e doação ao Governo do Estado do Ceará, entre outros equipamentos; a atuação do SENAI em produção de EPIs, conserto de respiradores e criação do Elmo, um capacete de respiração assistida; a arrecadação de 25 toneladas de alimentos pelo IEL e sindicatos filiados à FIEC; a compra de respiradores e elaboração de protocolos pelo SESI; e o apoio para a pesquisa “Inquérito Sorológico” que avaliará, até julho, os impactos do coronavírus em Fortaleza, realizada por meio de parceria da Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará.

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