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Intelectuais apontam que projeto para o Brasil precisa focar no combate às desigualdades
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Intelectuais apontam que projeto para o Brasil precisa focar no combate às desigualdades

O Seminário “100 Anos de Celso Furtado – Que desenvolvimento queremos para o Brasil?” abordou, durante dois dias, os caminhos que o pensamento de Furtado podem apontar para o projeto de País a partir das ações para sanar as desigualdades, as possibilidades de desenvolvimento para o presente e para o futuro e o cenário brasileiro e mundial dos últimos anos.

Realizado pela Assembleia Legislativa do Ceará, por meio da Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace) e pelo Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), por meio do Observatório de Fortaleza, o evento debateu, na mesa de encerramento, nesta quinta-feira (13/08), em transmissão virtual, a temática “Da fantasia desfeita à esperança de um novo amanhecer: um projeto para o Brasil”.

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil destacou o legado e inspiração de Furtado e a relação que o intelectual procurava fazer entre política como atividade, como processo e criatividade, entendendo que “somente a redenção proporcionada pela política poderia dar lugar ao exercício pleno da criatividade”. Assim, pontuou Gil, percebe-se também o papel profundo da política e a necessidade de um aprimoramento constante no seu agir.

Gil comentou que Celso Furtado foi “um dos mais preocupados com a questão do deslocamento pendular entre conhecimento, ciência, política e desenvolvimento no sentido da equalização melhor da vida social e erradicação das desigualdades”.

Para o ex-ministro, ao ver a cultura como elemento “extraordinariamente caracterizador, fundador dessa possibilidade de desenvolvimento humano com todas as suas decorrências”, é possível perceber a sua contribuição para a confecção de um “melhor tecido igualitário, de aproximação entre os homens”.

Renato Janine, filósofo e ex-ministro da Educação, destacou o legado de Celso Furtado apontando que, desde cedo, ele se dedicou a questões cruciais, como o subdesenvolvimento e as maneiras de superá-lo, assim como as desigualdades. Para ele, o pensamento de Furtado é essencial ao se pensar perspectivas para o País.

Janine ressaltou a necessidade de compreender que o subdesenvolvimento é produzido, gerado. “Conhecemos melhor o País quando entendemos que as desigualdades são resultado de um projeto meticuloso. O Brasil é um caso de êxito de exclusão social”, pontuou.

O ex-ministro comentou que o Brasil está vivendo um período obscuro de retrocessos e, por isso, é necessário preparar projetos para “sairmos dessa crise terrível”. Janine apontou que o Brasil “assassina talentos o tempo todo” e se contenta com “produto criativo bruto” muito inferior ao que poderia ter, por isso a necessidade de construir e planejar caminhos para a criatividade no País.

Eduardo Moreira, escritor, economista e empresário, comentou as desigualdades e acumulação de riquezas que marcam o Brasil e como isso afeta a liberdade dos brasileiros. “Não adianta crescer o PIB do País todos os anos se quem se apropria dessa riqueza continua a ser os mais ricos”, indicou.

Segundo ele, existe um discurso de defesa das liberdades individuais que não aborda as desigualdades e, por isso, é falho. “Não existe liberdade com desigualdade”, indicou, afirmando que, ao não haver distribuição da riqueza a todos, impede-se que os brasileiros criem, escolham o que podem e querem fazer.

Ele ressaltou ainda a defesa de um desenvolvimento com propósito, “que distribui, que liberta, que dá possibilidade de criar”, ideias que estão no legado de Celso Furtado e, por isso, é importante “se alimentar de suas ideias e mudar os rumos dessa nau”.

Edilberto Pontes, vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE), mediou o debate e apontou a abrangência da influência de Celso Furtado, um “intelectual engajado, homem da política, sempre com projetos novos para o Brasil, preocupado com o desenvolvimento regional, conectado com o mundo”.

A programação do segundo e último dia do seminário foi iniciada com o debate “Sob a inspiração de Furtado: significados da ciência e da cultura para o desenvolvimento brasileiro”. A discussão contou com a participação de César Bolaño, jornalista e doutor em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp); Jair do Amaral, professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC); Cláudia Leitão, diretora do Observatório de Fortaleza, e mediação de Adson Pinheiro, doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Todos os debates do Seminário “100 Anos de Celso Furtado – Que desenvolvimento queremos para o Brasil?” seguirão disponíveis ao público nos canais de YouTube da Unipace e do Observatório de Fortaleza.

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