A Pesquisa de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, realizada em fevereiro de 2020, revela que 64,6% dos consumidores da capital cearense possuem algum tipo de dívida. O índice de endividamento veio +3,2 pontos percentuais acima do verificado no último mês de janeiro (61,4%) e também acima do verificado no mesmo mês do ano passado (60,5%).
A proporção de consumidores com contas ou dívidas em atraso subiu +3,4 pontos percentuais, passando de 18,3% dos consumidores em janeiro, para 21,7% neste mês. Os problemas financeiros afetam mais as mulheres (23,4% dos entrevistados desse grupo afirmaram possuir contas em atraso), os consumidores do estrato com idade acima dos 35 anos (22,5%) e da classe com renda familiar mensal abaixo de cinco salários mínimos (23,9%).
Diferença entre endividamento e inadimplência
Todo inadimplente está endividado, mas nem todo endividado está inadimplente. Quando uma pessoa realiza um financiamento bancário ou tem contas no cartão de crédito, por exemplo, ela assume dívidas. No entanto, o que diferencia o endividado do inadimplente é o pagamento dessa dívida. Quem tem contas parceladas e realiza o pagamento em dia, significa que está endividado. Já quem contrai uma dívida e não consegue realizar o pagamento em um prazo de 90 dias é considerado inadimplente.
O tempo médio de atraso é de 68 dias e a principal justificativa para o não pagamento das dívidas é o desequilíbrio financeiro – a diferença entre a renda e os gastos correntes – citado por 56,9% dos consumidores. O segundo motivo mais citado é o adiamento por conta do uso dos recursos em outras finalidades, com 35,9%, seguido da contestação da dívida (7,2%).
Comprometimento da renda
Em Fortaleza 64,6% dos consumidores possuem algum tipo de dívida. Os instrumentos de crédito mais utilizados pelos consumidores são: cartões de crédito, citados por 73,2% dos entrevistados; financiamento bancário (veículos, imóveis etc.), com 14,5%; carnês e crediários, com 9,0%; empréstimos pessoais, com 6,1%; e cheque especial, com 1,3%. O consumidor utilizou o crédito para: Consumo de itens de alimentação (47,5% das respostas); Realização de despesas de educação e saúde (44,1%); Compra de artigos de vestuário (32,0%); e Aquisição de eletroeletrônicos (30,3%).
O valor médio das dívidas é de R$ 1.457, com prazo médio de oito meses, comprometendo 37,3% da renda familiar dos consumidores com o seu pagamento, patamar considerado elevado para os padrões históricos do endividamento do cearense.
Inadimplência potencial
A taxa de inadimplência potencial, ou seja, a proporção de consumidores que não terão condições financeiras para honrar seus compromissos, aumentou +2,8 pontos percentuais, atingindo o patamar de 9,4%. O índice também foi superior ao verificado no mesmo mês do ano passado, de 8,2%.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do grupo de consumidores do sexo feminino (inadimplência potencial de 11,0%), do grupo com idade acima dos 35 anos (10,3%) e do estrato com renda familiar mensal inferior a cinco salários mínimos (10,7%).
Orçamento familiar
A Pesquisa de Endividamento também revela que 79,1% dos consumidores de Fortaleza afirmam fazer orçamento mensal e acompanhamento eficaz dos seus gastos e rendimentos, o que contribui para um melhor controle dos níveis de endividamento. Dos entrevistados, 14,9% relataram que fazem orçamento dos rendimentos, mas sem controle eficaz dos gastos e 6,0% informaram não possuir orçamento e tampouco controle dos gastos.
A falta de planejamento orçamentário é um problema crítico para o controle do endividamento, estando sempre entre um dos principais motivos para o atraso ou inadimplência. Dos fatores que os consumidores consideram que mais contribuem para esse problema, listam-se: a falta de orçamento e controle dos gastos, com 42,7%; desemprego, com 20,5%; o aumento dos gastos considerados essenciais, com 20,1%; as compras por impulso, sem necessidade ou além do necessário, com 19,5%; redução dos rendimentos, com 14,6%; gastos imprevistos, com 12,7%; e compras antecipadas, com 10,5%.
Sobre o Instituto
O IPDC, instituição integrante do Sistema Fecomércio, é responsável pela elaboração de estudos e pesquisas, sobretudo de viés econômico, fornecendo dados referentes ao comportamento do consumidor. As informações do IPDC auxiliam nas ações de planejamento e desenvolvimento das empresas.