O Governo do Ceará homenageou seis personalidades que ajudaram a construir a história do Ceará e se destacaram no cenário nacional, além do Corpo de Bombeiros Militar
Em 25 de março de 1884, o Ceará ganhava a simbologia de Terra da Luz. Quatro anos antes da Lei Áurea, a então província do Ceará decretava a abolição da escravatura no Ceará, fazendo da luz para a liberdade um sinônimo para as terras alencarinas. A atitude dos cearenses é a inspiração para atitudes de grandes homens e mulheres que até hoje se destacam no cenário nacional e cuja trajetória está presente na história do Ceará, em espacial os homenageados na versão 2018-2019 da Medalha da Abolição.
Na última sexta-feira (29), o governador Camilo Santana homenageou personalidades importantes que ajudaram a construir a história do Ceará. “Aqui no Ceará, um estado encravado no semiárido nordestino, com enormes e históricos desafios, temos tido, ao longo dos últimos anos, uma demonstração inequívoca do quanto é possível, com respeito, persistência e muito diálogo, enfrentar as adversidades e avançar nas soluções. Os sete homenageados desta noite são exemplo vivo de tudo isso”, destacou.
A principal honraria do Estado foi concedida à presidente da Academia Cearense de Letras, Ângela Maria Rossas Mota de Gutiérrez, primeira mulher a presidir a entidade literária; empresário Edson Carvalho Ventura; desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, Maria Iracema Martins do Vale, conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); ex-senador Carlos Mauro Cabral Benevides; Regina Marta Albuquerque Barbosa, fundadora da Casa de Vovó Dedé, instituição sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social; e padre Reginaldo Manzotti, fundador da associação Evangelizar é Preciso, movimento de evangelização.
“Justiça e inclusão são palavras que fazem parte da vida de cada um dos nossos homenageados esta noite. Cada um deles, na sua área, deram, e continuam dando, enorme contribuição ao Ceará e, por isso, são merecedores da maior honraria do nosso Estado’, completou o governador. A Medalha da Abolição, instituída em 1963, reconhece o trabalho relevante de brasileiros para o Estado do Ceará ou para o Brasil. A escolha é feita por uma comissão, instituída em um decreto governamental. Já sã0 170 agraciados desde então.
Homenageados
Entre os homenageados, a professora, escritora e primeira mulher a presidir a Academia Cearense de Letras, Ângela Gutierrez, dividiu a honraria com professores e agentes culturais do Ceará e reconheceu o esforço do governador Camilo Santana para valorizar e difundir a cultura do povo cearense. “Não sou eu quem está recebendo. São todos os professores e professoras, todas as escritoras e os escritores, os fazedores de cultura, que reconhecem no governador Camilo Santana um homem que tem compromisso com a educação e a nossa cultura. A primeira vez que assisti a entrega da Medalha da Abolição, o homenageado foi Dom Helder Câmara e não imaginava chegar ao mesmo lugar que ele, sinto-me orgulhosa em representar minha categoria recebendo a honraria”, comemorou.
O ex-presidente do Senado Federal, Mauro Benevides, cuja carreira política começou em 1954, como vereador de Fortaleza, também foi agraciado. Ele passou pela Assembleia Legislativa, tendo presidido as duas Casa Legislativas, da capital e a maior do Estado do Ceará, o que o fez ocupar a Chefia do Executivo por 11 vezes. Depois presidiu o Senado Federal e ali também ocupou interinamente a presidência da República. “Ao longo da vida pública, conquistando tantos mandatos, desde vereador, passando pela Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e a presidente do Senado Federal, esta comenda reconhece um trabalho árduo em prol do povo cearense e nos dá a responsabilidade de sempre seguir no mesmo caminho, pautado em princípios éticos e que sempre marcaram a nossa atuação política”.
Regina Marta Albuquerque Barbosa, fundadora da Casa de Vovó Dedé, ressaltou que a cultura e a arte sempre fizeram parte de sua vida para ajudar as pessoas, principalmente crianças e jovens e este trabalho lhe rendeu a Medalha da Abolição. “É trabalhando mais e mais que vou agradecer este reconhecimento e esta homenagem. É o que pretendo fazer. Estou com 75 anos e enquanto eu estiver em pé e puder vou dar aula e formar virtuosos cidadãos para o mundo”, comemorou.
O padre Reginaldo Manzotti, que há 12 anos traz a palavra de Deus para o povo cearense, por meio do evento Evangelizar é Preciso, destacou a religiosidade do povo cearense, citando importantes símbolos do Estado, como o Padre Cícero, a Menina Benígna, a Estátua de São Francisco, em Canindé, e as romarias de Juazeiro do Norte. Receber a Medalha da Abolição para ele é motivo de alegria, “porque os laços com o Ceará e os cearenses se esteiram cada vez mais e eu me sinto cada dia mais próximo de uma terra tão abençoada por Deus e que me deixa com o compromisso de trazer aqui sempre a palavra Dele. Feliz o Estado que tem um governador temente a Deus e que tem um olhar de sensibilidade para com o seu povo”, ressaltou.
A desembargadora Iracema do Vale, atualmente conselheira do Conselho Nacional de Justiça, também agradeceu a homenagem ressaltando o pioneirismo cearense na libertação dos escravos. “Esta medalha, sobretudo, representa a luta do cearense pela liberdade, assim como fez Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, na Magistratura nós trabalhamos para isso. Agradeço o reconhecimento e a reafirmo o compromisso de sempre lutar pela liberdade”.
O empresário Edson Ventura se destacou por empreender no comércio de veículos, mas iniciou auxiliando o pai nos negócios, com a venda de farinha de trigo. “Tenho a plena consciência de que procurei sempre proceder de maneira digna e honrada respeitando os direitos e cumprindo os deveres. Faço um sincero agradecimento ao governador Camilo Santana pelo reconhecimento ao nosso trabalho e peço aos nossos sucessores que continuem o nosso trabalho”.
Também recebeu a homenagem, o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, pelos relevantes serviços prestados à população cearense. O governador Camilo Santana fixou a Medalha da Abolição na bandeira oficial da corporação em reconhecimento. O comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Eduardo Holanda, disse que receber a comenda é o reconhecimento não só do Governo do Ceará mas de toda a população, “por todo o trabalho desempenhado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará. A gente sempre teve uma grande credibilidade junto à sociedade cearense e os últimos acontecimentos mostraram que o Corpo de Bombeiros está preparado para atender à sociedade, desde a situação mais simples à mais complexa”. Ele fez questão de dividir a homenagem com toda a tropa, representada pelos homens e mulheres que fazem o Corpo de Bombeiros.
O governador Camilo Santana encerrou o discurso agradecendo aos homenageados e reconhecendo o papel de cada um em construir um Ceará mais igual e mais junto para o povo. “Gratidão por acreditarem e ajudarem, todos os dias, a fazer do nosso Ceará um lugar cada vez melhor. Por lutarem, mesmo diante de tantas adversidades que surgem, para que tenhamos um estado mais desenvolvido e menos desigual. O que precisamos é deixar radicalismos de lado a lado, e promovermos discussões sérias e propositivas para o bem do nosso país, que amamos e defendemos. E jamais deixarmos de lutar para o fortalecimento da nossa democracia, tão durante conquistada”, finalizou.
Compareceram ao evento representantes dos Poderes Executivo, Legislativo (estadual, federal e municipal), Judiciário e Ministério Público, além de prefeitos e diversos líderes políticos e empresariais de todo o Ceará.