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21 de janeiro é um marco na luta pelo respeito à diversidade religiosa
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Tradição. História de resistência. Saberes ancestrais. Elementos culturais ricos, utilizados por boa parte da sociedade que, por falta de conhecimento sobre a origem, demoniza. Repudia. Desrespeita. Falar sobre religiões de matrizes africanas é falar sobre uma das nuances da história dos povos e comunidades tradicionais. Marco na luta pelo respeito à diversidade religiosa, o 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, foi instituído em 2007, pela Lei nº 11.635. A data homenageia Mãe Gilda, Iyalorixá vítima de intolerância religiosa em 1999.

A campanha Ceará sem Racismo, iniciativa da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, por meio da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Igualdade Racial, traz o debate com pais e mães de santo e reforça que mais que tolerância, é preciso respeito e liberdade para que todos os cidadãos sigam sua fé.

Doutor em Educação, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab) e babalorixá do Ilé Axé Oba Oladeji, Linconly Jesus Alencar Pereira explica que religiões de matrizes africanas sofrem grande intolerância por conta da ideia estereotipada de que há povos inferiores. “Estamos falando de religiões de pessoas subalternizadas. Negros, indígenas, ciganos, mulheres que não aceitaram a dominação do patriarcado. Tudo que é atrelado à figura desses povos é visto como algo ruim. Trata-se de estrutura social simbólica de dominação ainda do colonizador que, a todo momento, reforça essa ideia”, afirma.

“Para nós, como povo, não existe a questão da religião do outro ser errada. Podemos adentrar a qualquer culto ou templo uma vez que sejamos convidados e respeitados, pois somos mais que uma religião. O que levamos na pele e na vida é simplesmente a palavra de nossas ancestrais”, reforça a iyá Mirella Osúnyaominle. Nascida dentro do terreiro, presidente e iyalorisá da Irmandade Beneficente e Afro Cultural do Ile Asè Omi Bilé, Mirella é descendente de matriarcado tradicional, artesã e agricultora. Para ela, a história de resistência dos povos de terreiro faz com que se tornem alvo de discriminação. “Terreiro é quilombo. Somos família. Dentro do terreiro as pessoas encontram o sentido de conviver em família com acertos e erros”, argumenta.

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