
Nesta quinta-feira (3), foi entregue o protótipo do Polo, dispositivo embarcado desenvolvido no Instituto SENAI de Inovação (IST) de Maracanaú. A entrega marca um novo avanço no desenvolvimento do Projeto Markoo, iniciativa que combina tecnologia embarcada, ciência de dados e inteligência artificial para apoiar o tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Polo é uma das peças-chave da solução criada pela startup cearense Orango, formada por três médicos: Ricardo Rocha, André Cabral e Antonildes Nascimento. Voltada à saúde digital, a Orango busca ampliar o acesso à terapia ABA (sigla em inglês para Análise do Comportamento Aplicada), abordagem considerada padrão ouro no tratamento do autismo.
“O Polo capta dados multimodais durante as sessões terapêuticas, como áudio, vídeo, temperatura e umidade. Esses dados serão utilizados por profissionais e terapeutas para identificar padrões comportamentais e fazer ajustes mais precisos nos planos terapêuticos”, explicou o Dr. Ricardo Rocha, cofundador da Orango.
A entrega do protótipo foi realizada pelo gerente do IST e do Centro de Inovação do SESI (CIS), Carlos Egberto, acompanhado da coordenadora de Projetos do IST, Camila Forte, e da coordenadora do CIS, Juliana Albuquerque.
“Realizamos a entrega do hardware do Embarcado Polo, projeto desafiador voltado ao apoio no atendimento de crianças com autismo. Essa iniciativa reforça o papel do Centro de Inovação do SESI e do Instituto SENAI de Tecnologia como protagonistas no desenvolvimento de tecnologias disruptivas no Ceará. Agradeço ao presidente Ricardo Cavalcante e ao diretor regional Paulo André Holanda pela liderança e confiança em nosso trabalho para transformar a realidade tecnológica do estado”, destacou Carlos Egberto.
O gestor de projetos do Instituto SESI SENAI de Tecnologia, Vicente Mesquita, que acompanhou o projeto desde o início, também destacou a trajetória da solução até a entrega do protótipo.
“A gente iniciou o desenvolvimento da plataforma Markoo em 2023 e entregamos esse primeiro protótipo à Orango em 2024. Paralelamente, ainda em 2024, começamos o desenvolvimento do dispositivo Polo. Hoje entregamos, nas mãos do Dr. Ricardo Rocha, o dispositivo que permitirá iniciar os testes operacionais, ou seja, os testes com algumas famílias que vão participar de terapias-piloto no contexto do ecossistema de tratamento do espectro autista”, explicou.
Parceria com a indústria e apoio do Sistema FIEC
O projeto é fruto de uma parceria entre a Orango, o SESI, o IST e o Observatório da Indústria Ceará, com apoio financeiro de editais de fomento como o SESI TECH. A iniciativa conta com o suporte institucional do presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, do superintendente do SESI Ceará, Paulo André Holanda, e do gerente do IST Maracanaú, Carlos Egberto.
“Com o dispositivo entregue, o Polo segue agora para a fase de testes clínicos, com expectativa de aplicação em contextos reais, como clínicas, residências e, especialmente, escolas da rede SESI, onde poderá funcionar como projeto-piloto para validação da tecnologia”, explica Ricardo Rocha.
Plataforma conectada e participação ativa das famílias
Mais do que um dispositivo físico, o Polo integra um ecossistema digital mais amplo. Segundo o Dr. Ricardo Rocha, o Projeto Markoo contempla o desenvolvimento de uma plataforma com interfaces voltadas a profissionais, clínicas, escolas e famílias. Um de seus principais diferenciais será o aplicativo conectado ao Polo, que permitirá a terapeutas e familiares acompanhar sessões, receber orientações e executar atividades terapêuticas em casa.
Uma das vertentes do projeto tem como foco a educação de pais e cuidadores, promovendo o seu engajamento e a sua atuação ativa no processo terapêutico. O aplicativo está sendo desenvolvido em parceria com o Observatório da Indústria Ceará, responsável por conectar a tecnologia aos usuários finais.
“Muitas famílias não têm acesso à terapia. O nosso propósito é mudar isso, oferecendo acesso a mais pacientes, além de fornecer ferramentas para que as famílias e cuidadores tenham conhecimento e suporte necessário para fazerem parte mais ativamente do processo terapeutico”, acrescenta Ricardo Rocha.
Solução que nasce da prática clínica
A ideia do projeto surgiu a partir da vivência do Dr. André Cabral, que é neuropediatra, com a realidade de muitas famílias que enfrentam longas filas de espera e dificuldades para garantir o atendimento terapêutico adequado aos filhos. Segundo os idealizadores, há milhares de crianças diagnosticadas com TEA que não têm acesso a uma terapia ABA de qualidade, assim como carga horária adequada ou que recebem intervenções com baixa personalização.
“A gente vê não só uma falta de atendimento a essas crianças, como também terapias que são feitas com baixa eficiência. O ecossistema Markoo surge justamente para ampliar o alcance e a qualidade desses atendimentos, conectando dados, profissionais e famílias em torno do mesmo objetivo”, ressalta Ricardo Rocha.
Próximos passos
Com o protótipo entregue, a equipe da Orango inicia agora a fase de validação e testes em campo, além da aceleração da startup, com apoio do IEL Ceará e novas fontes de financiamento. A expectativa é que a solução se consolide como uma referência nacional em inovação voltada ao cuidado de crianças neurodivergentes.
O trabalho conjunto entre startup, indústria e instituições de pesquisa e educação reforça o potencial do Sistema FIEC para impulsionar soluções que integram saúde, tecnologia e impacto social.