
O Programa de Educação Executiva Internacional em Economia Azul prosseguiu nesta terça-feira (12/11), em Lisboa, com uma imersão dedicada ao papel das novas tecnologias e da inteligência artificial no desenvolvimento sustentável dos oceanos. A iniciativa é promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), com apoio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará) e parceria da Nova School of Business & Economics (Nova SBE). Participam do programa, que segue até sexta-feira (14/11), 28 líderes empresariais, executivos e gestores cearenses.
A programação começou na Nova SBE, com a aula “AI, inovação e tecnologia e suas interseções em Economia Azul”, ministrada pelo professor Leidi Zejnilovic, doutor em Mudança Tecnológica e Empreendedorismo pela Universidade Carnegie Mellon e pela Católica-Lisboa School of Business and Economics. Ele apresentou um panorama sobre como a inteligência artificial pode transformar a economia azul, otimizando processos, reduzindo impactos ambientais e impulsionando negócios sustentáveis.
Com uma trajetória que vai da Bósnia a Portugal, Leidi compartilhou experiências pessoais e projetos inovadores, como a plataforma “Patient Innovation” e o uso de blockchain para a comercialização de créditos de carbono. “É como vender o ar que uma árvore ainda vai produzir ao longo da vida”, resumiu.

O professor também citou o exemplo de empresas brasileiras do setor cerâmico que substituíram a lenha nativa por biomassa, gerando créditos pela redução de emissões. “A inovação e a tecnologia devem servir aos humanos, mas precisamos de inteligência e governança para que isso aconteça”, destacou.
Ao abordar a economia azul, Leidi enfatizou a exploração responsável dos recursos marinhos e apresentou projetos de monitorização da pesca ilegal com uso de dados de satélite e inteligência artificial, desenvolvidos em parceria com o Google e o Fórum Econômico Mundial.

O professor explicou ainda o conceito de tokenização, que transforma bens reais ou futuros em ativos digitais. Leidi mencionou também o avanço de “filantropos que investem na descarbonização”, citando o plantio de manguezais no Quênia, onde “65% dos rendimentos ficam com as comunidades”, fortalecendo as economias locais.
No turno da tarde, a comitiva visitou a A4F, Algae for Future, empresa portuguesa especializada em biotecnologia de microalgas. Os participantes conheceram projetos que transformam algas em insumos para setores como alimentação, cosméticos, agricultura e energia, exemplos concretos de como a biotecnologia marinha pode gerar produtos de alto valor agregado e contribuir para a descarbonização da economia.
Em seguida, o grupo esteve na Fundação Oceano Azul, referência em conservação marinha em Portugal. A instituição atua na promoção da literacia dos oceanos, na proteção da biodiversidade e no fortalecimento da economia do mar como eixo estratégico para o futuro sustentável do planeta. O encontro permitiu aos executivos brasileiros dialogar com especialistas sobre políticas públicas, inovação social e cooperação internacional voltadas à preservação dos ecossistemas marinhos.Para o presidente do Sindroupas, Paulo Rabelo, a participação no Programa de Educação Executiva Internacional em Economia Azul, promovido pela FIEC em parceria com a NOVA SBE, representa uma virada de chave estratégica para o setor da moda cearense. Segundo ele, a imersão no conceito de Economia Azul amplia a visão de futuro da indústria, ao propor uma integração entre sustentabilidade, inovação e competitividade global. “Não se trata apenas de um curso, mas de um movimento de transformação de mentalidade. A Economia Azul, ao colocar a preservação dos ecossistemas no centro das decisões, aponta caminhos concretos para uma nova lógica de produção, baseada em biorecursos, rastreabilidade e baixo carbono — pilares que dialogam diretamente com os desafios e oportunidades da moda no Ceará”, destaca.
Rabelo ressalta que as discussões sobre inteligência artificial, blockchain e tokenização apresentadas durante o programa trazem aplicações práticas que podem revolucionar a cadeia têxtil e de confecção. Para ele, o uso dessas tecnologias permitirá fortalecer a rastreabilidade do algodão, do denim e de todo o processo produtivo, agregando valor às exportações e consolidando o posicionamento das marcas cearenses no mercado internacional. “O Ceará tem todas as condições de se firmar como um polo que une moda, inovação e sustentabilidade oceânica, em sintonia com a agenda global de descarbonização e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A ponte construída entre a FIEC, a NOVA SBE e o ecossistema europeu abre novas possibilidades de cooperação, pesquisa e negócios para toda a indústria da moda”, frisa.
Paulo Rabelo fez questão de expressar seu reconhecimento à FIEC pela realização da missão, destacando a liderança e a visão do presidente Ricardo Cavalcante na construção desse movimento transformador. Para ele, a iniciativa reforça a capacidade do Ceará de dialogar em pé de igualdade com os principais centros de conhecimento e inovação do mundo, consolidando o estado como protagonista em agendas globais de sustentabilidade e desenvolvimento. “Esta missão não termina em Lisboa: ela é o ponto de partida para uma agenda contínua de projetos, parcerias e novos produtos para a FIEC, para os sindicatos e para o Ceará, sob um olhar verdadeiramente global, azul e inovador”, afirmou.
Com uma agenda que combina formação executiva e experiências de campo, o Programa Internacional em Economia Azul segue até o fim da semana, conectando líderes industriais cearenses ao ecossistema europeu de inovação. A jornada vem ampliando a visão dos participantes sobre as oportunidades da economia azul e sobre como ciência, tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas rumo a um futuro mais equilibrado para os oceanos e para a indústria.
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