O senador da República pelo Ceará, Cid Gomes, trouxe novos detalhes sobre a crise que marcou o rompimento de seu grupo político com o PDT durante o processo eleitoral de 2022. Em declarações feitas na última quinta-feira, 5, o senador revisitou episódios decisivos que levaram à sua saída do partido e ao realinhamento com o governo estadual.
Cid afirmou que o desgaste interno começou quando, segundo ele, “o fígado do Ciro” se somou ao que classificou como “ambição desmedida” do então pré-candidato Roberto Cláudio. O senador disse que trabalhava para garantir que o PT apoiasse um dos quatro nomes do PDT na disputa pelo Governo do Ceará, num momento em que Lula tinha 70% de preferência no estado e Camilo Santana registrava 70% de aprovação.
“Eu estava trabalhando para ter o apoio do PT ao nosso candidato. Era natural que Lula e Camilo tivessem preferência por um dos quatro nomes. Eles tinham mais força popular do que a gente”, disse Cid ao explicar que percorreu 15 cidades com Evandro Leitão, Isolda Cela, Roberto Cláudio e Mauro Filho, apresentando os pré-candidatos pedetistas.
Cid fez um aparte emocional ao lamentar a morte de Joãozinho Rodrigues, irmão de Isolda Cela, prestando condolências à família.
O senador relatou que, com a intensificação do conflito, optou por se afastar completamente para não romper com Ciro Gomes. Ele se recolheu na Serra da Meruoca, onde afirmou ter vivido “os meses mais difíceis” de sua trajetória política.
“Ou eu brigava com o Ciro, ou mergulhava e ficava calado. Fiz a segunda opção. Me recolhi”, afirmou.
Segundo Cid, o resultado das eleições confirmou sua percepção de que a estratégia do PDT era equivocada. Ele destacou que Roberto Cláudio — considerado por ele “o melhor prefeito da história de Fortaleza” — terminou em terceiro lugar devido à forte polarização nacional entre Lula e Jair Bolsonaro, que não deixou espaço para uma terceira via naquele momento.
Após o pleito, a crise se agravou. Cid contou que foi expulso do PDT e chegou a sofrer agressões durante uma reunião no Rio de Janeiro. A partir daí, buscou um novo caminho político ao lado de aliados que migraram majoritariamente para o PSB.
Hoje, Cid afirma trabalhar pela consolidação da relação com o governo do Ceará e ressaltou sua lealdade ao governador Elmano de Freitas:
“Tenho um compromisso pessoal com o Elmano. Se ele for candidato à reeleição, eu voto com ele. Assumo minhas posições.”
As declarações do senador reacendem debates sobre a disputa de 2022 e reposicionam sua influência dentro do cenário político atual do estado.

