O setor de energias renováveis cearense acaba de ganhar mais um estímulo para atrair investimentos e gerar mais emprego e renda. A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizaram na última segunda-feira (16/12), na Casa da Indústria apresentação técnica do Atlas Eólico e Solar do Ceará. A publicação foi lançada na sexta-feira, durante almoço oferecido pela FIEC ao governador Camilo Santana. A publicação também teve apoio do Sindienergia, sindicato filiado à FIEC.
O evento foi aberto pelo presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Adece e consultor de energia da FIEC, Jurandir Picanço, que explicou como o atlas foi concebido e elaborado ao longo de dois anos. Alci Porto, diretor técnico do Sebrae, afirmou que a instituição deverá atuar mais diretamente no setor de energias renováveis com apoio voltado para micro e pequenas empresas que atuam no segmento. Para o presidente da ADECE, Eduardo Neves, o atlas é um marco para o Ceará e democratiza informações para quem tiver interesse na área. O secretário de desenvolvimento econômico do Ceará, Maia Júnior, classificou a ferramenta como parte da retomada do protagonismo do Ceará em energias renováveis.
O coordenador do Núcleo de Energia da FIEC, Joaquim Rolim, fez apresentação técnica e das funcionalidades do atlas. O documento está disponível nas versões inglês e português, de forma impressa e online, além de um aplicativo interativo desenvolvido pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Também é possível acessar o atlas pelo site atlas.adece.ce.gov.br.
Único atlas híbrido do Brasil, o trabalho atende uma demanda da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Adece e conta com informações técnicas direcionadas a profissionais do setor, identificando áreas com potencial para investir. A concepção do projeto contou com investimento de R$ 1,4 milhão, sendo R$ 800 mil da Adece, R$ 300 mil do Sebrae e R$ 300 mil de contrapartida econômica da FIEC. Executado pela Camargo Schubert, consultoria mais experiente do mundo em projetos de parques eólicos, com participação da UL Truepower, o trabalho passou pela colaboração da Secretaria da Infraestrutura do Estado, alinhada pela Plataforma Ceará 2050.
O secretário adjunto de Energia, Mineração e Telecomunicações, Adão Linhares, pontua dois fatos surpreendentes constatados pelo Atlas. Conforme o documento, o Ceará está em posição de destaque no cenário mundial com áreas promissoras na costa. Os aproveitamentos energéticos offshore com seus impactos positivos e negativos são citados no estudo. “Nos 574 quilômetros de costa do Ceará, em uma plataforma que vai até 50 quilômetros mar adentro, o estudo mostrou um potencial de 117 gigawatts com uma característica de constância e estabilidade de produção de energia comparável ao comportamento de uma hidrelétrica com fator de capacidade superior a 60%”, comenta. Outra característica apresentada, de acordo com ele, está na geração eólica do Ceará. “No curso do dia, a produção é melhor no horário onde a energia tem mais valor, no horário de pico. Isso nos diferencia dos demais estados do Nordeste”, conclui.
Líder nacional na exportação de aerogeradores, o Ceará é um dos destaques brasileiros em produção industrial para energia eólica, com três grandes fabricantes do mercado mundial: Aeris, Vestas e Wobben. Além da infraestrutura favorável para a exportação dos equipamentos, destacada no Atlas, o estado possui ainda o Programa de Incentivos da Cadeia Produtiva Geradora de Energias Renováveis (PIER) como grande indutor do setor.
Mais de três mil megawatts de geração eólica e solar estão em operação e construção no Ceará. O Estado figura como líder na geração distribuída, com 28% de toda potência instalada na região Nordeste. É também o território cearense um dos melhores potenciais do Brasil em geração eólica onshore (94 gigawatts), geração eólica offshore (117 gigawatts) e geração solar.