
A habilidade de esculpir a madeira bruta e transformá-la em arte é a principal
característica do mais novo Museu Orgânico inaugurado pelo Sistema Fecomércio
Ceará, por meio do Sesc, nesta quinta-feira, 13, em Brejo Santo, na região do Cariri. O
Museu Oficina do Mestre Francisco Graciano é um reconhecimento à arte de Francisco
Graciano Cardoso, que carrega como principais características do seu trabalho o
imaginário e a arte fantástica de transformar madeira em seres que parecem sair de
um outro universo.
O presidente do Sistema Fecomércio, Luiz Gastão, destacou que “hoje o museu de
Graciano não está só para o povo de Brejo Santo, hoje ele faz parte de uma cadeia de
museus que o mundo inteiro vai poder olhar e admirar. E quantos outros discípulos de
Graciano também vão poder ver, e inspirados no seu trabalho, através da dedicação e
da arte, mudar a vida das pessoas”.
O Museu conta com as esculturas de Mestre Graciano talhadas tanto em forma de
figuras humanas como de animais. Elas representam presépios, santos, figuras da
banda cabaçal e do reisado, manifestações culturais tradicionais do Cariri. Já os
animais são inspirados na fauna da Região, como tatus, lagartos e cobras. A maioria
das peças carrega cores vibrantes, refletindo a imaginação que o artista recebe na hora
em que está no meio da natureza.
“Eu quero dizer pra vocês que estou feliz demais com essa obra tão maravilhosa que
eu tanto sonhei. Isso era um sonho, e com a chegada dos anjos do Sesc, e da
Prefeitura, todo mundo ajudou o Francisco Graciano Cardoso. Para chegar hoje foi
muito sofrimento, porque eu trabalhava na roça, até que eu passei a trabalhar com
escultura, e aí eu fiquei todo empolgado até que consegui a fama, e aí a ‘coisa’
aconteceu, muito obrigado a todos”, declarou o Mestre Graciano.
Sobre Mestre Graciano
Natural de Juazeiro do Norte e caçula de sete irmãos, Francisco Graciano tinha apenas
sete anos quando fugiu de Juazeiro e foi morar com uma irmã em Brejo Santo, onde
cresceu, constituiu família e mora até hoje. Seu pai, Manuel Graciano, era um artesão
de mão cheia, reconhecido no meio da arte popular do Cariri. Foi com ele, no quintal
de casa, que o menino Graciano deu os seus primeiros passos na arte de talhar a
madeira.
As peças, que hoje fazem de Mestre Graciano um nome de destaque na arte
imaginária, contém traços da sua infância, recheada de imaginação e muita natureza.
Mas o artesanato não foi sua primeira profissão, durante algum tempo ele trabalhou
como agricultor, cultivando algodão, e em seguida numa pedreira.
Um certo dia, voltando para casa pela mata, coletou lenha para cozinhar e acabou
selecionando um pedaço de madeira para esculpir. Nascia ali, na lida direta com a
natureza, o artista que hoje encanta todos que apreciam suas incríveis invenções. As
primeiras peças, dois bonecos, foram levadas até o seu pai, para que fossem
apresentadas no Centro de Cultura Mestre Noza, em Juazeiro. Com a venda dessas
primeiras peças e a resposta positiva de que tinha talento, Francisco Graciano
começou a sua jornada na arte.
Sobre os Museus Orgânicos
Baseados no vínculo com a história e dos lugares onde vivem e atuam os mestres de
cultura popular. O projeto nasceu com o amadurecimento da parceira com a Fundação
Casa Grande, localizada na cidade de Nova Olinda, para o fortalecimento de uma rede
formada por lugares de memória, sendo o Sesc um ativador desses espaços.
Para que se tornem Museus Orgânicos, os projetos passam por pesquisas e estudos
consistentes a respeito de cada tradição cultural, suas referências coletivas e o
impacto na comunidade.

